RECESSÃO E INFLAÇÃO DE 25% EM 2024

A consultora Capital Economics considera que a economia de Angola vai crescer 1,5% este ano e entrar em recessão no próximo ano, contraindo-se 0,5% devido aos efeitos da baixa produção petrolífera e depreciação do kwanza.

Os analistas da consultora afirmam que “a economia de Angola vai abrandar devido à combinação da baixa produção petrolífera e aos efeitos da recente queda do kwanza em 2024 e 2025”.

Numa nota enviada aos investidores, os analistas da Capital Economics escrevem que “o Produto Interno Bruto deverá expandir-se apenas 1,5% este ano, seguido de uma contracção de 0,5% em 2024” e admitem que “as previsões estão bem abaixo do consenso dos analistas, que esperam crescimentos de 2,1% e 2,8% para este e o próximo ano”.

A nota, divulgada na sequência da revisão em baixa da previsão de crescimento do Governo, que aponta agora para uma expansão económica de 0,9%, lembra que a economia angolana cresceu 2,7% no último trimestre do ano passado e 0,4% no primeiro trimestre deste ano, e acrescenta que “é duvidoso que as coisas melhorem nos próximos trimestres”.

A redução no sector do petróleo e os atrasos nos investimentos nesta indústria “significam que a produção vai cair ainda mais, o que, juntamente com os preços mais baixos do petróleo face a 2022, causaram uma redução na balança corrente”, dizem os analistas, prevendo ainda que a inflação suba significativamente este ano.

A desvalorização do kwanza, que perdeu 40% do valor face ao dólar, a imposição de medidas de austeridade, incluindo o corte nos subsídios aos combustíveis, “vão empurrar a inflação para mais de 25% nos próximos meses”, estimam os analistas, que prevêem também que o banco central responda com uma subida de 300 pontos-base na taxa de juro directora, para 20%.

Relativamente aos pagamentos de dívida, que se tornam mais caros com a desvalorização da moeda, já que a maior parte da dívida é em moeda externa, a Capital Economics antevê uma subida do rácio da dívida face ao PIB, mas considera que “Angola vai conseguir evitar um ‘default'”, alertando, ainda assim, que “evitar um ‘default’ soberano será mais difícil se houver um súbito aperto das condições de financiamento externo ou uma queda nos preços petrolíferos”.

O MPLA responde, ao seu estilo de dono da verdade, que Angola exportou, no terceiro trimestre deste ano, cerca de 96,37 milhões de barris de petróleo bruto, avaliados em aproximadamente 8,26 mil milhões de dólares.

Os dados avançados pelo secretário de Estado para o Petróleo e Gás, José Barroso, apontam que, à semelhança da situação observada nos trimestres anteriores, a China foi o principal destino das exportações do petróleo bruto angolano com 62,81%. José Barroso informou que outros destinos são a Espanha com 9,12%, a França e a Holanda com 5,42% e 4,87%, respectivamente.

Por outro lado, Angola importou cerca de 711 mil toneladas métricas de combustíveis líquidos (71,36%) com um custo de cerca de 657,81 milhões de dólares durante o terceiro trimestre deste ano, o que representa um aumento de perto de USD 108 milhões, comparativamente ao período anterior.

No trimestre homólogo, a importação de 704.718 toneladas métricas de derivados de petróleo (68% do volume total de refinados, fixada em 1.036.351 toneladas) foi avaliada em cerca de 549 milhões de dólares.

Em abono da “excelência” capacidade governativa do MPLA, o Governo destaca a abordagem do embaixador da Zâmbia em Angola, Lawrence Chalungumana, que anunciou estarem em curso negociações entre os dois países vizinhos para a participação zambiana no Projecto da Refinaria do Lobito.

Segundo o diplomata, que falava por ocasião do 59.º aniversário da Independência do seu país, a Zâmbia manifestou o seu interesse em investir no projecto, com capacidade de 200 mil barris de petróleo por dia.

Ainda no domínio dos petróleos, disse, os dois países estão igualmente envolvidos em negociações sobre uma conduta de petróleo que vai conectar os dois Estados da África Austral.

Lawrence Chalungumana indicou que a cooperação bilateral entre Angola e a Zâmbia é “cada vez mais forte” em vários domínios, depois de quatro visitas oficiais efectuadas a Angola pelo Presidente Hakainde Hichilema, este ano.

Aponta também a máquina de propaganda do MPLA os 630 projectos de investimentos privados, avaliados em mais de 9.7 mil milhões de dólares, que deram entrada em cinco anos na Agência de Investimento Privado e Promoção de Exportações de Angola (AIPEX), para alavancar a economia do país… a caminho do paraíso prometido pelo general João Lourenço.

A informação foi avançada em Menongue, no Cuando Cubango, pelo PCA da AIPEX, Lello João Francisco, tendo adiantado que os mesmos estão direccionados para os sectores do turismo, indústria, energia e águas e saúde.

O responsável, que falava após o seminário de apresentação da Janela Única do Investimento (JUI), assegurou que 191 projectos já foram implementados, avaliados em 1.6 mil milhões de dólares, tendo permitido a criação de 12 mil postos de trabalhos directos para cidadãos angolanos.

Importa ainda não esquecer o Acordo de Facilitação de Investimentos Sustentáveis entre Angola e a União Europeia (UE), aprovado pelo Conselho de Ministros, na sua 9ª Sessão Ordinária, orientada pelo Presidente da República, João Lourenço, coadjuvado pelo Presidente do MPLA (João Lourenço) e pelo Titular do Poder Executivo (João Lourenço).

Segundo o ministro da Economia e Planeamento, Mário Caetano João, Angola é o primeiro país com quem a União Europeia decidiu assinar esse acordo que tem como objectivo facilitar a atracção, a expansão e a retenção de investimento directo estrangeiro entre as partes, para efeitos de diversificação económica e de desenvolvimento sustentável, onde se inclui um substancial apoio à plantação de couves com a raiz… para baixo.

O acordo visa ainda preparar o mercado angolano para investimento directo estrangeiro, melhorando o ambiente de negócios, com assistência técnica da UE, e fazer com que todos os investimentos neste acordo garantam sustentabilidade ambiental.

Relevo também para a legislação sobre a Pauta Aduaneira dos Direitos de Importação e Exportação, com vista à actualização deste instrumento, conformando-o com a sétima revisão da Nomenclatura do Sistema Harmonizado.

Sobre o assunto, a ministra das Finanças, Vera Daves, esclareceu que a proposta de alteração da Pauta Aduaneira decorre de um compromisso assumido por Angola, de alinhamento das respectivas nomenclaturas pautais estatísticas ao sistema harmonizado, bem como a necessidade de alinhar a pauta ao actual contexto macroeconómico do país.

Destaque também para facto de o Governo contar com o auxílio da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) para potenciar a produção de dados estatísticos agrícolas do país.

Segundo o secretário de Estado para a Economia, Ivan dos Santos, existe a necessidade de melhorar a produção dos dados estatísticos para atrair investidores externos.

Ivan dos Santos fez saber que a abordagem da produção de dados estatísticos agrícolas aconteceu no Fórum de Investimento 2023 realizada de 17 a 20 de Outubro de 2023, na cidade italiana de Roma.

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